Afinal, o que é criatividade?

Por: Marcos Amazonas

Não vamos tratar sobre a origem da criatividade; se foi ofertada pelo divino, se é um dom nato que poderia até ser hereditário ou uma habilidade que pode ser estimulada ou até treinada. Vamos refletir sobre como foi definida por algumas mentes privilegiadas:

Ken Robinson: Criatividade é o processo de ter ideias originais que tenham valor. 

O que está por trás dessa frase: não basta ser novo, tem que ter valor.

Brewster Ghiselin: Criatividade é o processo de mudança, de desenvolvimento e de organização da vida subjetiva. 

O que está por trás dessa frase: O fato de que está ligada ao intangível.

Philippe Rosier: A criatividade é o que move as pessoas e a sociedade para um lugar melhor.

 O que está por trás dessa frase: Que são os questionamentos, as reflexões, que impulsionam a evolução.

Abraham Maslow: O homem criativo não é o homem comum ao qual se acrescenta algo. O homem criativo é o homem comum do qual nada foi retirado. 

O que está por trás dessa frase: Nascemos criativos, a sociedade nos rouba a criatividade.


Ilustração: @georgiadesenha peixe papagaio azul

Walter Longo: O mundo exige cada vez mais pessoas abertas, globalistas e plurais, mas estamos cada vez mais singulares, fechados e tribais.

O que está por trás dessa frase? Melhor perguntar diretamente ao autor:

“Todas estas definições e situações fazem sentido, tem sua verdade, mas nós vamos seguir com o princípio fundamental: Criatividade é a imaginação aplicada à solução de um problema.

Na era moderna a criatividade foi atrofiada, foram estipuladas regras e fórmulas prontas, conceitos rígidos de comportamento pessoal e profissional, certo e errado definidos culturalmente. E os preconceitos são aceitos como fato.

Na pós-modernidade ocorre o contrário, a criatividade é valorizada, mais ainda, é exigida. Portanto temos que esquecer os conceitos, as regras rígidas estabelecidas no comportamento pessoal e principalmente no profissional, abandonar as limitações impostas que ainda existem, principalmente nas organizações tradicionais.”

Mas o mundo pós-moderno vai além. Exige. Creio que este ponto é fundamental e vamos nos aprofundar no tema com a ajuda de um dos maiores pensadores do Brasil o Prof. Dr. em Psicanálise Jorge Forbes.

Seguindo e caminhando para uma explanação, podemos dizer que a era moderna buscava a eficiência, a era pós-moderna busca a inovação.

Na era moderna era suficiente que as pessoas fossem profundos conhecedores na sua especialidade, simbolizada pela letra. Na era pós-moderna exige-se que combinem um repertório específico profundo, com um repertório muito extenso, abrangente; simbolizado pela letra T.

Outra diferença fundamental:


Na pós-modernidade não se busca o consenso, busca-se a convergência, no final alguém assumirá a responsabilidade da ação. A busca da resposta do problema passa por 4 fases: Inicia-se pela quantidade, neste momento adia-se qualquer julgamento; Depois prossegue-se buscando a qualidade; Segue-se para a convergência e conclui-se com a decisão.


A exigência para que este processo tenha resultados é que o grupo seja diverso, que sejam deixados de lado o ego e os preconceitos e que todos tenham voz, sem intervenções, sem medo.
Vamos projetar uma situação para ilustrar esta diferença: Imaginem que estão assistindo uma banda militar em dia de parada e outra que estão em um clube de jazz numa “Jam Session”. 
A primeira é uma reunião estruturada, formal burocrática, hierárquica, ninguém interferindo, todos executando friamente.  A outra é um verdadeiro brainstorm, com improvisações, cada um apresentando seu melhor.

Bem, é senso comum que a criatividade é fator determinante na formação não apenas de apenas de artistas, mas de todos os profissionais, de qualquer segmento. As empresas precisam de profissionais que entendam e acompanhem o desenvolvimento e as mudanças de comportamento que impactam funcionários, consumidores, enfim, a sociedade como um todo. Como vimos estamos nos movendo rapidamente neste mundo pós-moderno que nos causa insegurança: olhamos ao redor e nos reconhecemos, aparentemente somos os mesmos, mas estamos vivendo uma profunda e rápida transformação.

Já não trabalhamos da mesma maneira, a composição da família mudou, a distância já não é uma dificuldade, as empresas têm compromissos com a sociedade que são maiores que os produtos em si, as diferenças são assumidas, expostas e impulsionam mudanças comportamentais. Entendeu? Como Forbes bem citou: bem-vindo a Terra 2.

Foto de capa: @georgiadesenha