As ilustrações de Paola Saliby são repletas de ação, gestos, sonoridade e cores marcantes. Ao observar as cenas e personagens criados por ela, é possível mergulhar em um mundo muito particular, quase como se estivéssemos sonhando. “Gosto de fazer meus personagens interagirem com o ambiente de forma bastante natural, fluida. Mesmo que eu fale muito de introspecção e contemplação no meu trabalho, existe sempre um movimento.
É visível como a música e a literatura são fortes influências em seu trabalho, assim como as relações humanas e até a psicanálise. “Sou fascinada pela ideia do desconhecido, pelos mistérios da mente humana e dos sonhos. Na música tem o efeito surpresa, o movimento. Os sons brincam com os sentidos de uma forma muito particular e isso estimula as ideias e o fazer. Literatura me instiga a pensar narrativamente e ter contato com outras experiências e visões de mundo.”
Confira abaixo a entrevista completa com a artista:
Poderia fazer uma breve apresentação sua?
Sou graduada em desenho de moda mas trabalho com ilustração há pouco mais de 10 anos. Ilustro muitos projetos editoriais, que é algo que gosto muito de fazer, e tenho minha prática autoral que busco incorporar na rotina. Me considero uma pessoa inquieta profissionalmente e meu traço está em constante transformação. Por outro lado, funciono em um ritmo mais lento quando se trata de criar projetos pessoais, por exemplo, porque acho que minha prática tende a ser bastante reflexiva. Nasci no interior de São Paulo e hoje moro em Lisboa.
De onde vem suas maiores inspirações?
De muitos lugares. As forças da natureza mexem muito com a minha imaginação. Sou fascinada pela ideia do desconhecido, pelos mistérios da mente humana e dos sonhos. Na música tem o efeito surpresa, o movimento. Os sons brincam com os sentidos de uma forma muito particular e isso estimula as ideias e o fazer. Literatura me instiga a pensar narrativamente e ter contato com outras experiências e visões de mundo.
Você fez algum curso de artes ou é totalmente autodidata?
O curso de moda me deu uma base interessante para que eu pudesse começar. Lá aprendi noções de anatomia e cor, por exemplo. Fiz alguns cursos mais técnicos de desenho e pintura mas não tenho uma formação aprofundada em artes. Aprender os fundamentos básicos me possibilitou explorar sozinha outros caminhos, e a partir daí encontrar uma linguagem que fizesse sentido pra mim.
Como você descreveria a estética do seu trabalho?
Eu gosto de pensar em universos oníricos então tem algo de surreal na estética do meu trabalho. É também lúdica, orgânica e emocional – e acho que as cores transmitem um pouco dessa atmosfera. Gosto de fazer meus personagens interagirem com o ambiente de forma bastante natural, fluida. Mesmo que eu fale muito de introspecção e contemplação no meu trabalho, existe sempre um movimento.
O que você mais gosta de fazer quando não está trabalhando?
Gosto muito de estar offline. De andar a pé pela cidade, sentar num café com uma boa companhia ou um livro. Comecei a fazer cerâmicas e tem sido uma experiência ótima também. Se pudesse, passaria mais tempo perto do mar.
Você costuma ter tempo para desenhar livremente quando não para clientes?
Talvez não tão livremente quanto eu gostaria. Embora às vezes a demanda diminua e eu tenha mais tempo livre, rola uma cobrança interna e o bichinho da culpa fica ali me perturbando. Há momentos em que a coisa flui bem e eu consigo aproveitar as fases mais calmas, mas as vezes rola um conflito.
Qual dica(s) você daria para quem quer se tornar um ilustrador profissional?
Colecione muitas referências e beba de fontes diferentes, pois o trabalho de um artista tende a se empobrecer quando não existe repertório.
Ser artista freelancer pode ser um tanto solitário. Conheça e converse com outros ilustradores, peça ajuda a quem já tem mais experiência.
Fazer análise de portfólio pode ser interessante para quem está começando.
Valorize o seu trabalho, se informe sobre o mercado e aprenda a precificar suas ilustrações.
Qual o seu maior sonho(s)?
Tenho vários. Adoraria participar de um projeto grande de animação. É um sonho ver meu trabalho em movimento e parte de uma narrativa mais elaborada. Gostaria de fazer uma residência artística voltada pra ilustração, ter essa experiência imersiva em algum lugar especial e amadurecer ainda mais o meu trabalho. Os sonhos pessoais envolvem muitas viagens, uma casinha com jardim e cachorro…
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